Falta de Limites pode ocasionar Problemas em todas as fases da Vida

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Quem não sente, ou, já sentiu vergonha ao ver o filho pequeno dando “piti”, numa loja? E, um filho adolescente, desrespeitando você ou uma pessoa mais velha? Pior ainda, não?

Pois é! A educação de nossos filhos é coisa séria! Dar limites a eles é muito importante para formarmos crianças e adolescentes saudáveis, do ponto de vista emocional e, verdadeiros cidadãos. Não podemos respeitar nossos semelhantes, se não aprendermos quais são os nossos limites.

Segundo a educadora Tania Zagury, em seu livro, Limites sem Trauma, DAR LIMITES é: “dizer sim, quando possível, e não sempre que necessário; ensinar que existem outras pessoas no mundo e, que os direitos são iguais para todos; ensinar a tolerar pequenas frustrações no presente, para que no futuro, os problemas da vida possam ser superados com equilíbrio e maturidade…”.

Para dar limites não é necessário bater, gritar, nem usar da força e do autoritarismo. É preciso apenas, agir de maneira firme e segura, (com autoridade), explicando o porquê, quando necessário.

Na primeira infância de 0 a 03 anos, as crianças nada sabem sobre limites. Só pensam em satisfazer as suas necessidades e desejos, (egocêntricas). Não sabem o que é certo ou errado e, são os pais, os principais responsáveis por ensinar à criança, o que pode, o que não pode, o que é certo e errado, tanto do ponto de vista educacional como ético.

A paciência é fundamental. Educar dá trabalho. Leva-se muito tempo, (anos), para que, através do treino dos pais, a criança vá interiorizando os limites estabelecidos.

Devemos pensar que, todos nós enquanto seres humanos, temos uma série de necessidades e desejos a serem atendidos, porém, nem tudo o que queremos é possível. Exemplificando, necessidades e desejos: – para uma infância saudável, a criança necessita brincar. Porém, não é preciso para isso, encher o seu quarto de brinquedos cada vez mais caros, (desejo); – O adolescente precisa vestir-se, (necessidade), mas não é necessário ter apenas roupas de grife, ou, trocar de aparelho de celular a cada ano, (desejos).

É preciso ensinar à criança, no seu dia a dia, que nem sempre o que desejamos é conveniente naquele momento.  Seria maravilhoso que a vida fosse feita apenas de prazeres, (satisfação do desejo). Às vezes, podemos nos dar ao luxo de atendermos aos nossos desejos, mas na maioria das vezes, não. E, a criança precisa assimilar isso.

Instalação de dificuldades como conseqüências da falta de limites
Em seu livro, Tania Zagury, também ensina como estabelecermos limites, etapa a etapa, de acordo com a fase de desenvolvimento da criança, e, o que pode acontecer quando isso não ocorra:

– 1ª Etapa – de 0 a 5 ou 6 anos, (no máximo) – se não estabelecido limites, muito provavelmente, ocorrerá o descontrole emocional (pitis), ataques de raiva.

– 2ª Etapa – dos  06 aos 07 anos – Dificuldade crescente de aceitação de limites – se a criança foi atendida em tudo na fase anterior, vai ficando cada vez mais exigente e distanciada da realidade.

– 3ª Etapa – (mais ou menos dos 08 aos 11 anos) – Distúrbios de conduta, desrespeito aos pais, colegas e autoridades, incapacidade de concentração, dificuldades para concluir tarefas, excitabilidade, baixo rendimento. A criança acha que todos têm que atender as suas necessidades. Interrompe as pessoas aos gritos, entra sem bater à porta, faz a tarefa escolar só quando tem vontade, entre outras coisas.

– 4ª Etapa – adolescência – Agressões físicas se contrariado, descontrole, problemas de conduta, problemas psiquiátricos nos casos em que há predisposição. Se não houve limites em todas as fases anteriores, a tendência é que a criança se torne um adolescente agressivo, desinteressado pelos estudos, sem habilidade para lidar com o social, sem tolerância à frustração.

Além da família, outras instituições continuarão a contribuir para a internalização de limites, tais como, a escola, impondo o respeito e o bom convívio com os demais colegas e professores e, as organizações de trabalho, impondo regras e respeito à hierarquia da empresa. Apesar disso, todo o trabalho de “base”  deve ser realizado pela família. Sem essa base será bem difícil o atendimento às demais regras impostas pela sociedade.

Na fase adulta, pessoas que conviveram com a falta de limites podem ser incapazes de enfrentar dificuldades cotidianas, como ficarem desempregadas, aguardarem a sua vez na fila e, podem até vir a infringirem as leis: dirigir embriagado, ou até mesmo, roubar para satisfazer os seus desejos de consumo.

Realmente, as conseqüências para àqueles que crescem sem limites são bem graves. Por isso, a grande tarefa dos pais ou responsáveis, deve ser a educação dos seus filhos. Fazer com que eles interiorizem os limites e normas estabelecidas, monitorando comportamentos e atitudes e, reforçando-as quando necessário.  Os pais precisam ter uma atitude firme e constante perante os filhos, de maneira que estes entendam claramente que, aqui não aceitamos e não compactuamos com determinados comportamentos.

 Dicas de como estabelecer e fazer com que os filhos incorporem limites:

Dar o exemplo pessoal – serem respeitosos em relação aos seus limites e os limites dos outros, não infringirem a lei, não perderem o controle. Os pais têm que ser um espelho para os filhos.

– Tenha autoridade, mas não seja autoritário – O autoritário não ouve o outro. Ouça o seu filho, mas aja com firmeza e diga não, se for necessário.

Premiar ou recompensar quando acertar – sempre que ocorrer um comportamento adequado, premiar naturalmente, com elogios, um abraço sincero e o reconhecimento. Evitar premiar com presentes, porque pode se tornar um problema no futuro.

Corrigir sempre que necessário – fazer com que a criança assuma as conseqüências de seus atos. Ex. Saiu com os amigos, passou dos limites, ficará um mês sem sair e assim, progressivamente.

– Estabelecer limites justos – utilizar o mesmo critério para todos os filhos, não beneficiar um em detrimento de outro. Ex. beneficiar o filho menor: “Ah, mas ele é pequenininho”. As regras devem ser as mesmas para todos.

– Não se beneficiar com os limites – utilizar e estabelecer limites que favoreçam o aprendizado dos filhos e, não o seu benefício.

– Não bater – agressividade gera agressividade. A criança pode assimilar que o mais forte, ou mais violento, sempre consegue o que quer.

Bibliografia:
Zagury, Tania – Limites Sem Trauma – Construindo Cidadãos – Ed. Record – RJ, 2001

Eliane Orte André
Psicóloga Clinica, Orientadora Profissional e Consultora Empresarial

CRP: 06/53384-0